quinta-feira, 6 de março de 2008

PREPARAÇÃO PARA AS PROVAS EXIGE DISCIPLINA SEM ABRIR MÃO DO LAZER

Universitários contam suas rotinas de estudo e dizem que é preciso encontrar formas de se organizar para passar no vestibular

Mathias Theodoro, 21, aluno do curso de direito da USP, estudava quatro horas por dia
Celso Tutiya, 21, dedicou três horas do seu dia além das aulas no colégio para estudar para o vestibular. Mathias da Silveira Theodoro, 21, estudou cerca de quatro horas a mais. Lucas Evilácio Silva Siqueira, 18, destinou uma hora além da escola para debruçar-se sobre os livros. Janaína Rabelo Cunha Ferreira de Almeida, 21, reservou três horas do dia para os estudos. Rafael Cappellano Brejão, 19, estudou quatro horas a mais por dia durante um ano. Resultado: todos foram aprovados nos cursos que queriam em universidades públicas.

Com rotinas de estudos semelhantes, os cinco universitários são unânimes em afirmar que preparar-se para as provas do vestibular requer disciplina e organização, mas não significa abrir mão da vida social, dos amigos e do lazer.


“Eu fazia cursinho de manhã e estudava mais três horas além das aulas. Não tinha uma rotina determinada, estudava de acordo com o que eu tinha vontade. Peguei firme no começo do ano para não deixar acumular. Não vale a pena o desgaste”, disse Celso, 1º colocado no curso de medicina da USP.


Mesmo estudando tantas horas por dia, Celso não abriu mão de sair com os amigos pelo menos uma vez por semana. “Fazia questão de ter um tempo livre para mim. Na véspera da prova eu estava supertranqüilo. Tinha certeza que tinha estudado o suficiente”, contou.
Aluno do curso de direito da USP, Mathias também procurou manter a vida social normalmente. Os finais de semana eram reservados para os amigos. “Eu me organizava durante a semana. Tinha em mente que a preparação tinha de ser bem feita e, por isso, eu estudava as matérias que tinha mais dificuldade com mais intensidade e fazia uma manutenção das outras. Dosagem é a palavra-chave”, disse.


Mathias reconhece que estudar para o vestibular às vezes causa frustração e desânimo, mas afirma que é preciso ter força de vontade. “É importante que o vestibulando saiba que se ele se planejar e estudar com disciplina ao longo do ano, ele estará preparado para a prova”, disse.


Lucas, que é aluno de engenharia na Poli/USP, disse que o candidato não precisa deixar de fazer as coisas que gosta para estudar para o vestibular. “A única coisa que eu deixei de fazer foi a minha aula de música porque não dava tempo. Mas isso foi apenas adiado, posso voltar a fazer a qualquer momento. Eu namorava e estudava para o vestibular, por exemplo. E isso nunca me atrapalhou”, disse.
Lucas não fez cursinho e afirmou que ter disciplina nos estudos é fundamental. “Se o aluno estudar o básico todos os dias sem abrir mão do que gosta, com certeza ele consegue ser aprovado.”


Aluna do curso de letras da Universidade Federal de Minas Gerais, Janaína também foi aprovada sem fazer cursinho. Com dificuldades em química, dedicava uma hora por dia para estudar essa disciplina e distribuía as demais nas horas que sobravam. “Fiz isso durante o ano todo. Só em setembro é que eu fiz um curso específico de redação porque isso era fundamental para ser aprovada no curso de letras”, disse.
Janaína disse que “manteve uma vida relativamente normal”. “Eu namorava, saía à noite e praticava esportes. Não vale a pena pirar por causa do cansaço. O segredo é saber dosar as coisas”, afirmou.


Já Rafael conquistou uma vaga no curso de direito da Unesp, em Franca, estudando todas as tardes em uma biblioteca. “Escolhi um lugar mais tranqüilo, onde eu teria certeza que não perderia a concentração e nem seria incomodado. Se a gente estuda em casa encontra motivos para ir à internet, para assistir televisão, para dormir”, disse.


O segredo para passar no vestibular, disse Rafael, foi a organização do tempo. “Não deixei de sair de casa por causa do vestibular, mas parei de tocar guitarra com meus amigos. Mas eu sabia que isso seria passageiro, era uma questão de prioridade. Hoje estou cursando a faculdade que eu queria e voltei a tocar guitarra”, contou.



ESTUDANTE DEVE SER DISCIPLINADO E MUITO ORGANIZADO


A preparação para o vestibular exige rigidez de horários e cumprimento de metas, mas alunos não devem abandonar o lazer.


Saber organizar bem o tempo e o conteúdo a ser estudado é fundamental para o candidato se dar bem no vestibular. “Cada aluno tem que ser um executivo: disciplinado, rigoroso, perseverante e atento a horários”, indica Maria Irene Maluf, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia.


Segundo pedagogos e professores de cursinho, prestar atenção às aulas, estudar em um ambiente tranqüilo e manter a concentração no momento da leitura ajudam no processo da aprendizagem e memorização do conteúdo. Tentar fazer associações com elementos do cotidiano e outros temas estudados também são estratégias para fixar bem o assunto.


De acordo com a pedagoga Maria Angela Carneiro, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), não há uma fórmula mágica de como estudar. “Cada pessoa deve identificar a maneira que aprende melhor e aplicar isso no seu cotidiano”, afirma. “Tem gente que prefere fazer resumos, outros gostam de grifar o que estão lendo ou até mesmo falar em voz alta”, acrescenta. Segundo ela, estudar sentado, deitado, ouvindo música ou no silêncio também depende do jeito de cada um.


Para professores de cursinhos, a melhor forma de aprender é fazer exercícios e responder provas de vestibulares passados, assim o candidato testa seu conhecimento e se familiariza com o tipo de questão que pode cair no exame.

Quem faz cursinho ou está no 3º ano do ensino médio deve estudar diariamente as matérias ensinadas. “Aula dada é aula estudada, se o aluno vai para o cursinho de manhã, à tarde ele deve rever tudo o que aprendeu”, recomenda o coordenador de vestibular, Alberto Francisco do Nascimento.


Pelo menos quatro matérias diferentes devem ser vistas a cada dia. Segundo os professores, estudar apenas uma disciplina por muitas horas pode cansar o aluno. “Não adianta saber só uma matéria porque no vestibular vai cair tudo. Mesmo quem é muito bom em um assunto precisa saber também das outras disciplinas”, diz a coordenadora de geografia, Vera Lúcia da Costa Antunes.


Lazer No ano de vestibular, apesar de dedicar grande parte do tempo aos estudos, o candidato não pode deixar o lazer de lado. Fazer outras atividades, namorar e sair com os amigos no fim de semana ajudam a aliviar a tensão. “Se a pessoa não tem lazer, chega no final do ano esgotado. O equilíbrio emocional é importante no vestibular”, diz Nascimento.


QUANDO BATER O CANSAÇO, É MELHOR FECHAR O LIVRO

Segundo especialistas, não adianta tentar manter-se acordado à força, pois a fadiga do corpo prejudica o processo de aprendizagem
Se no meio do capítulo de história, ou na resolução daquele complicado problema de matemática, o estudante esfrega os olhos, sente sono ou até mesmo cochila, é melhor fechar o livro e ir dormir.
Não adianta tomar café, coca-cola, estimulantes, ou lavar o rosto. Segundo especialistas, o sono não vai passar com essas medidas paliativas. De acordo com a pedagoga Maria Angela Carneiro, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o cansaço e o sono atrapalham o processo de aprendizagem. “Tomar estimulante também não é indicado, pode fazer mal à saúde”, diz a pedagoga.
Algo que também é comum acontecer em meio ao estudo é a atenção se desviar para outras coisas. Você está lendo uma apostila de geografia, mas o pensamento está sintonizado no filme que vai passar hoje à noite na televisão.
“Quando isso acontece, é melhor parar um pouco, descansar e só depois voltar a estudar com a atenção totalmente voltada para a matéria”, orienta Maria Irene Maluf, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia.

Nenhum comentário: